Zema e Aro: o pilar mineiro da nova direita
O coração da articulação está em Minas Gerais. O plano de Tarcísio prevê uma dobradinha ao Senado entre Romeu Zema (Novo) e Marcelo Aro (PP) — dois nomes com perfis complementares e crescente sintonia. A ideia é reeditar uma aliança “à la Aécio Neves e Itamar Franco, em 2010” — uma chapa que uniu pragmatismo, gestão e prestígio regional. Na ocasião, ao pedirem votos juntos, acabaram elegendo dois candidatos do mesmo partido. + Rodrigo Pacheco deve ser vice de Lula se Alckmin for ao governo de SP
- Zema aportaria liderança e recall, como governador bem avaliado e símbolo de eficiência administrativa. Poderia ser indicado a uma ministério, em eventual vitória da chapa;
- Aro, por sua vez, representa renovação, articulação política e popularidade emergente entre prefeitos e lideranças jovens do interior mineiro.
Por que Minas é vital
Minas tem um peso histórico e estratégico incontornável. Desde a redemocratização, nenhum presidente foi eleito sem vencer em Minas — e o estado tem tradição de moderação política, premiando candidaturas que dialogam com o centro. Tarcísio sabe disso. Sua estratégia é evitar uma polarização direta com Lula e, em vez disso, disputar o eleitor pragmático mineiro — aquele que vota em quem mostra resultados e não em quem grita mais alto. A chapa Zema–Aro é o caminho natural para consolidar essa ponte: o primeiro encarna o discurso de “gestão técnica”; o segundo, o da conciliação política e diálogo com o Congresso — valores que também moldam o estilo de Tarcísio.O papel de Ratinho Jr. e o Senado como centro de gravidade
No Sul, o projeto prevê Ratinho Júnior (PSD) concorrendo ao Senado pelo Paraná, com o compromisso público de ser o candidato à presidência do Senado em 2027, caso o bloco da direita conquiste maioria. É uma engrenagem inteligente: Ratinho traria força regional, mas sem competir com Tarcísio no protagonismo nacional. Ao mesmo tempo, consolidaria uma liderança institucional que equilibra o poder entre Executivo e Legislativo. Com isso, a direita criaria uma “triangulação de poder” — São Paulo (Tarcísio), Minas (Zema e Aro) e Paraná (Ratinho Jr.) — capaz de garantir sustentação no Congresso e construir governabilidade a partir do primeiro dia de mandato.Zema e Aro: uma dobradinha simbólica
A aproximação de Zema e Marcelo Aro não é improvisada. Ambos dialogam com o mesmo eleitorado de classe média e empresarial, defendem reformas liberais e pregam uma política de resultados. A diferença de perfis, porém, é o que dá tração à aliança:- Zema é gestor e reservado, com imagem de austeridade e foco técnico;
- Aro é articulador político, com trânsito no centro e perfil de construção.
Análise: o xadrez de 2026 se desenha em Minas
A candidatura de Tarcísio com Michele Bolsonaro é, por si só, um marco simbólico: o bolsonarismo admite que precisa se institucionalizar para sobreviver. A dobradinha Zema–Aro em Minas representa a fase mais pragmática desse projeto — onde ideologia cede lugar a estratégia, e a política mineira volta a exercer o papel que historicamente teve: o de definir o caminho do poder no Brasil. Se essa costura prosperar, a direita volta a ter um projeto nacional coeso, com palanques integrados e coordenação regional. E, tal como em 2010, Minas pode novamente ser o ponto de equilíbrio entre a emoção do Sudeste e a razão do Planalto.** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.