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Direita quer Zema e Marcelo Aro ao Senado; Tarcísio e Michelle à presidência

Nos bastidores da direita, cresce a ideia de um grande rearranjo estratégico em torno de Tarcísio de Freitas (Republicanos) para 2026. O governador de São Paulo desponta como o nome mais viável eleitoralmente do campo bolsonarista e já articula um desenho de unidade nacional. A proposta é clara: uma chapa presidencial com Tarcísio à frente e Michele Bolsonaro como vice, simbolizando a continuidade do bolsonarismo, mas com tom mais institucional e de centro-direita. Nesse cenário, Tarcísio precisa de sustentação política fora do eixo paulista — e é aí que Minas Gerais e Paraná se tornam cruciais. O projeto prevê palanques coordenados, capazes de gerar votos regionais e consolidar bancadas no Senado, onde a direita pretende construir maioria para 2027.

Zema e Aro: o pilar mineiro da nova direita

O coração da articulação está em Minas Gerais. O plano de Tarcísio prevê uma dobradinha ao Senado entre Romeu Zema (Novo) e Marcelo Aro (PP) — dois nomes com perfis complementares e crescente sintonia. A ideia é reeditar uma aliança “à la Aécio Neves e Itamar Franco, em 2010” — uma chapa que uniu pragmatismo, gestão e prestígio regional. Na ocasião, ao pedirem votos juntos, acabaram elegendo dois candidatos do mesmo partido. + Rodrigo Pacheco deve ser vice de Lula se Alckmin for ao governo de SP
Foto: Divulgação
  • Zema aportaria liderança e recall, como governador bem avaliado e símbolo de eficiência administrativa. Poderia ser indicado a uma ministério, em eventual vitória da chapa;
  • Aro, por sua vez, representa renovação, articulação política e popularidade emergente entre prefeitos e lideranças jovens do interior mineiro.
O resultado seria uma chapa de grande apelo eleitoral e simbólico, capaz de consolidar o voto antipetista em Minas e ancorar o palanque nacional de Tarcísio. Duas fontes ouvidas pelo Moon BH afirmam que este cenário deve ser discutido com os mineiros. O objetivo é construir uma frente única capaz de somar forças.

Por que Minas é vital

Minas tem um peso histórico e estratégico incontornável. Desde a redemocratização, nenhum presidente foi eleito sem vencer em Minas — e o estado tem tradição de moderação política, premiando candidaturas que dialogam com o centro. Tarcísio sabe disso. Sua estratégia é evitar uma polarização direta com Lula e, em vez disso, disputar o eleitor pragmático mineiro — aquele que vota em quem mostra resultados e não em quem grita mais alto. A chapa Zema–Aro é o caminho natural para consolidar essa ponte: o primeiro encarna o discurso de “gestão técnica”; o segundo, o da conciliação política e diálogo com o Congresso — valores que também moldam o estilo de Tarcísio.

O papel de Ratinho Jr. e o Senado como centro de gravidade

No Sul, o projeto prevê Ratinho Júnior (PSD) concorrendo ao Senado pelo Paraná, com o compromisso público de ser o candidato à presidência do Senado em 2027, caso o bloco da direita conquiste maioria. É uma engrenagem inteligente: Ratinho traria força regional, mas sem competir com Tarcísio no protagonismo nacional. Ao mesmo tempo, consolidaria uma liderança institucional que equilibra o poder entre Executivo e Legislativo. Com isso, a direita criaria uma “triangulação de poder” — São Paulo (Tarcísio), Minas (Zema e Aro) e Paraná (Ratinho Jr.) — capaz de garantir sustentação no Congresso e construir governabilidade a partir do primeiro dia de mandato.

Zema e Aro: uma dobradinha simbólica

A aproximação de Zema e Marcelo Aro não é improvisada. Ambos dialogam com o mesmo eleitorado de classe média e empresarial, defendem reformas liberais e pregam uma política de resultados. A diferença de perfis, porém, é o que dá tração à aliança:
  • Zema é gestor e reservado, com imagem de austeridade e foco técnico;
  • Aro é articulador político, com trânsito no centro e perfil de construção.
Essa combinação é o tipo de equilíbrio que faltou à direita nos últimos anos — e que agora Tarcísio tenta reconstruir com cálculo estratégico e discurso de união.

Análise: o xadrez de 2026 se desenha em Minas

A candidatura de Tarcísio com Michele Bolsonaro é, por si só, um marco simbólico: o bolsonarismo admite que precisa se institucionalizar para sobreviver. A dobradinha Zema–Aro em Minas representa a fase mais pragmática desse projeto — onde ideologia cede lugar a estratégia, e a política mineira volta a exercer o papel que historicamente teve: o de definir o caminho do poder no Brasil. Se essa costura prosperar, a direita volta a ter um projeto nacional coeso, com palanques integrados e coordenação regional. E, tal como em 2010, Minas pode novamente ser o ponto de equilíbrio entre a emoção do Sudeste e a razão do Planalto.
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