oto: Instagram da Lagoinha
A Igreja Batista da Lagoinha, liderada por André Valadão, está prestes a dar um novo passo no setor financeiro com a criação do Clava Forte Bank.
O projeto, apresentado como “uma ferramenta espiritual com tecnologia de ponta”, promete revolucionar a relação entre finanças e religião, mas já enfrenta questionamentos sobre sua regularização perante as autoridades monetárias.
Segundo informações do site institucional do banco, a iniciativa nasceu para “atender instituições religiosas e pastores, fornecendo soluções financeiras que atendam às suas necessidades específicas”.
A princípio voltado para líderes religiosos, o plano inclui a expansão para os fiéis, que poderão abrir contas diretamente na instituição. A proposta lembra o modelo do extinto cartão de crédito, que prometia destinar parte dos gastos dos usuários para obras da igreja.
Entretanto, investigações do UOL revelaram que o Banco Central não tem qualquer registro do Clava Forte Bank em seus sistemas. Em nota, a autarquia afirmou que a instituição “nunca esteve na condição de instituição autorizada a funcionar”.
A Febraban (Federação Brasileira de Bancos) também se distanciou do projeto, informando que o banco religioso não faz parte de seu quadro associativo e que não comenta sobre instituições financeiras individuais.
O modelo de negócios apresentado pelo Clava Forte Bank traz questões delicadas sobre privacidade e conflito de interesses. A proposta de que pastores recebam salários diretamente pelo banco e o sistema de cashback que direciona parte dos gastos dos fiéis para a igreja podem criar situações em que a liderança religiosa tenha acesso a informações financeiras sensíveis de seus congregados.
O site do banco garante a proteção do sigilo bancário, mas especialistas questionam como essa separação seria mantida na prática.
Esta não é a primeira incursão da Lagoinha no mundo financeiro. Em 2019, a parceria com o Banco BMG para o “Cartão de Crédito da Fé” gerou intensa rejeição pública e acabou abandonada.
O novo projeto parece buscar corrigir os erros do passado, mas já nasce envolto em controvérsias sobre sua legalidade e possíveis conflitos entre atividades religiosas e financeiras.