Enquanto Fernanda Torres e o filme Ainda Estou Aqui ganhavam destaque nas apostas para o Oscar 2025, uma figura discreta, porém crucial, movia as engrenagens nos bastidores: Vitor Colares, publicitário mineiro conhecido por transformar candidatos com poucas chances em fenômenos eleitorais. A campanha da atriz brasileira não só chamou a atenção da Academia de Hollywood, como redefiniu o papel das redes sociais na corrida por uma estatueta dourada. A informação é do Moon BH, parceiro do La Notícia.
A comparação entre campanhas do Oscar e políticas não é nova. Fernanda Torres resumiu a experiência ao jornal Estado de Minas: “Inacreditável. É como uma campanha política. Você tem que fazer o filme ser visto nos Estados Unidos, na Europa, no Brasil… Uma loucura!”. Mas o que diferencia essa jornada é a estratégia de Vitor Colares, que trouxe para o cinema o mesmo expertise que elegeu prefeitos, senadores e até a primeira deputada federal trans de Minas Gerais, Duda Salabert.
A agência Orire, comandada por Colares, focou em um trabalho meticuloso: tradução e legendagem de entrevistas do elenco, divulgação de takes exclusivos e criação de uma narrativa orgânica que viralizou globalmente. O resultado? Grandes veículos, como a Variety, passaram a cobrir Fernanda Torres com frequência inédita, rendendo até um apelido carinhoso nas redes: “Variety da Silva”, em referência ao engajamento massivo do público brasileiro.
De eleições a Hollywood: quem é Vitor Colares?

Reprodução – Instagram
Nascido em Minas Gerais, Colares construiu carreira transformando cenários políticos adversos. Foi ele o arquiteto da vitória de Alexandre Kalil em 2016, pelo então desconhecido PHS, partido sem recursos ou base consolidada. Sua habilidade em criar conexões autênticas com a mídia rendeu-lhe um prestígio na imprensa.
Em 2024, após conduzir a reeleição de Kalil em Belo Horizonte, quatro anos antes, Colares mergulhou no universo do cinema. Sua missão: garantir que Ainda Estou Aqui não fosse apenas visto, mas vivenciado por votantes da Academia. O sucesso do engajamento brasileiro foi tamanho que, segundo relatos da diretora de elenco Letícia Navieira, um membro da Academia admitiu: “O Instagram da Academia nunca mais será o mesmo depois de Fernanda Torres e do Brasil”.
O Brasil e o Oscar
Apesar de nomes como Fernanda Montenegro (indicada por Central do Brasil em 1999) e Fernanda Torres, o Brasil ainda busca sua primeira vitória nas categorias principais. Campanhas como a de Ainda Estou Aqui reforçam uma mudança: o país não quer apenas indicados, mas protagonistas na narrativa global.
Harvey Weinstein, Lisa Taback e Vitor Colares

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Desde os anos 1980, quando Harvey Weinstein revolucionou o marketing de premiações com Meu Pé Esquerdo, as estratégias para conquistar a Academia evoluíram para um mix de lobbying, mídia tradicional e guerrilha digital. Hoje, plataformas como TikTok e Instagram são tão cruciais quanto críticas em veículos consagrados. O caso de Fernanda Torres prova que, com criatividade e uma equipe astuta, até países sem tradição em Hollywood podem roubar a cena.

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Harvey Weinstein e Lisa Taback fizeram a campanha de Shakespeare Apaixonado, quando Gwyneth Paltrow venceu Fernanda Montenegro. Em 2025 Lisa viu Emília Perez perder “Melhor Filme Internacional” para “ainda Estou Aqui”.
O Oscar e a globalização do Cinema
Nos últimos anos, o Oscar tem enfrentado críticas por seu viés norte-americano, mas casos como o de Parasita (2020) e agora Ainda Estou Aqui mostram uma guinada. A Academia ampliou seu corpo de votantes internacionais, que hoje representam 20% do total — um reflexo da busca por histórias universais.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.