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Para Belo Horizonte, a notícia chegou como um déjà-vu. Quatro anos após o fechamento do Centro de Atendimento ao Solicitante de Visto (CASV) na capital mineira, o governo Donald Trump voltou a mirar a cidade em sua política de redução de custos diplomáticos. Desta vez, o alvo é o escritório americano instalado nas dependências da FIEMG, no bairro Funcionários — uma estrutura que deveria virar o consulado prometido por Hillary Clinton em 2013.
Segundo reportagem do jornal americano Politico, Trump prepara um “enxugamento” de representações no exterior, com base em uma lista confidencial que classifica embaixadas e consulados em uma escala de 0 a 10. Na mira, além de cidades como Lyon (França) e Hamburgo (Alemanha), está Belo Horizonte. O critério? “Priorizar locais com baixo retorno estratégico”, conforme relatou uma fonte anônima ao veículo.
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Apesar de o escritório mineiro não ser um consulado oficial — e sim um escritório diplomático —, seu possível fechamento reacendeu debates sobre o isolacionismo da política externa trumpista. Em 2020, o CASV, responsável por processar pedidos de visto, foi desativado, obrigando mineiros a viajarem para São Paulo ou Rio de Janeiro para trâmites consulares.
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“O POLITICO também obteve uma lista de potenciais consulados que poderiam ser cortados. Os alvos mencionados são Rennes, Lyon, Estrasburgo e Bordeaux, na França; Dusseldorf, Leipzig e Hamburgo, na Alemanha; Florença, Itália; Ponta Delgada, Portugal; e Belo Horizonte, Brasil” diz o jornal.
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A história do escritório é marcada por promessas não concretizadas. Em 2013, durante visita a Belo Horizonte, Hillary Clinton, então secretária de Estado de Barack Obama, anunciou planos para transformar o local em um consulado pleno. O objetivo era fortalecer laços comerciais com Minas Gerais, estado que recebeu US$ 2,3 bilhões em investimentos americanos entre 2010 e 2015.
A estrutura, porém, limitou-se a um escritório administrativo, sem serviços consulares. Hoje, funciona com apenas poucos funcionários, dedicados a promover eventos culturais e facilitar diálogos empresariais.
O impacto também é político. Minas Gerais abriga 14 das 100 maiores empresas brasileiras, como a Vale e a Gerdau, e é o terceiro estado em investimentos estrangeiros diretos.
A estratégia não é nova. Desde 2017, o governo Trump já fechou 12 consulados globalmente, incluindo unidades na Rússia e no Paquistão. A justificativa é sempre a mesma: “Otimização de recursos”. No entanto, analistas veem uma motivação ideológica.
Diferente de consulados (que emitem vistos e auxiliam cidadãos), escritórios diplomáticos focam em cooperação cultural, educacional e econômica. Em BH, o espaço organizou, por exemplo, workshops sobre energias renováveis com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e feiras de negócios com a Câmara Americana de Comércio (Amcham).